segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sobre a Fé e a Obediência

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Romanos 12:1)
Vivemos num momento crucial de nossa história, um momento em que as igrejas se multiplicam e cada vez mais pessoas professam seguir a Cristo. O mundo está mudando... Mas, ao passo que multidões adentram às igrejas, multidões rendem suas vidas como vítimas da intolerância, da violência. Como exemplo, esta semana foi noticiado nos jornais locais o estupro de um bebê de um mês de idade. Está cada vez mais comum. A violência está alcançando o inimaginável. Ver II Timóteo 3:1-4. Como pode ser, se a cada dia o número de cristãos aumenta? Onde está o fruto do Espírito Santo? Estaria a Bíblia errada? Não! Isso é apenas o prenúncio de uma grande tragédia. Já começamos a ouvir um grande clamor sobre paz mundial. Vemos os governantes cada vez mais reconhecendo que perderam o controle e percebendo a necessidade de colocar Deus no comando. Algo terrível já está acontecendo, debaixo dos nossos olhos, cumprindo fielmente as profecias. Por isso, precisamos mais do que nunca aprender a ser obedientes e a ter fé, porque nos últimos dias, ou seja, hoje, o justo viverá pela fé. (Gl 3:11)

O Que é Fé?
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” (Hb 11:1).
O texto mencionado utiliza a expressão “firme fundamento” e a palavra “prova”. Ambas nos mostram que fé é certeza, é não ter dúvidas, é conhecer de fato e de verdade, é quase ver, mesmo ser ter visto. Como disse, fé é conhecer. Mas como conhecer algo sem ter experiência?

O mundo cristão, em sua maior parte, sustenta o exercício de uma fé abstrata, ou seja, uma fé restrita à frases como “eu acredito”, “eu creio”, “Deus proverá”, “se Deus quiser...”, no entanto, desprovida de atitude. Podemos chamar isso de fé mágica, pois é só pronunciar algumas “palavras mágicas” (como as que vimos anteriormente) e esperar o sobrenatural acontecer. O mais curioso é que esse “poder” atrai multidões, mesmo sabendo que nada na vida acontece num passe de mágica.

Ilustrações:
  1. Ninguém consegue um bom emprego num passe de mágica. Pelo contrário, são necessários anos de esforço, dedicação e estudo;
  2. Um filho não nasce num passe de mágica. Uma mãe que se preza toma ATITUDES drásticas, durante os longos nove meses de gestação, para que seu bebê nasça com perfeita saúde. Ela faz, juntamente com o pai, PESADO INVESTIMENTO através de AÇÕES que farão toda a diferença ao longo da vida da criança. E ainda enfrenta um parto doloroso, do qual nem se lembra depois de olhar o rostinho do pequeno ser que saiu do seu ventre.
Os grandes avivamentos que vemos hoje nas igrejas cristãs ao redor do mundo são fruto, na verdade, não de uma entrega sincera da vida ao Criador, mas, sim, de uma excitação emocional, que é passageira. Vejamos o que a escritora cristã Ellen G. White diz à respeito:
“Avivamentos populares muitas vezes excitam as emoções, satisfazendo o amor àquilo que é novo e surpreendente. Conversos ganhos desta maneira sentem pouco desejo de ouvir as verdades bíblicas. A menos que o serviço religioso assuma algo de caráter sensacional, não lhes oferece atração.” (O Grande Conflito, Ed. Condensada, cap. 27, § 5º)
O que vemos hoje é uma fé “de boca” e cristãos disfarçadamente apegados a todo tipo de práticas mundanas. E isso não é de hoje, a situação está apenas se agravando a cada dia e nós somos os principais atores nesse cenário. A situação atual do mundo é consequência da negligência da verdadeira fé. Veja o que é dito pela irmã White, a seguir:
“À luz da Palavra de Deus, contudo, não é difícil determinar a natureza destes movimentos. Onde quer que os homens negligenciem o testemunho da Bíblia, desviando-se das verdades claras que servem para provar a alma, e que requerem a renúncia de si mesmo e a do mundo, podemos estar certos de que ali não é outorgada a benção de Deus. Segundo a regra – 'Pelos seus frutos os conhecereis (S. Mateus 7:16) – é evidente que esses movimentos não são obra do Espírito de Deus.” (O Grande Conflito, Ed Condensada, cap. 27, § 9º)
Como já vimos, fé é certeza e um dos melhores exemplos de fé encontra-se na história bíblica da sunamita e do seu filho em II Reis 4, do versículo 8 em diante. Mesmo com seu filho jazendo morto, não desanimou. Ao ser interrogada pelo profeta Eliseu se tudo ia bem com ela e sua família, respondeu que sim. Ela possuía o firme fundamento de que tudo ia terminar bem, conforme a vontade de Deus, a qual ela já havia previamente aceitado.

O Que é Obediência?

A palavra “obediência” é derivada da palavra “obedecer”. O Minidicionário da Língua Portuguesa Silveira Bueno, Ed. Atualizada, define a palavra “obedecer” da seguinte maneira:
“Submeter-se a vontade de; executar; cumprir as ordens de; estar sob a autoridade de; ceder; estar ou ficar sujeito (a uma força, a uma influência); submeter-se; render-se; submeter-se à vontade de outrem; executar as ordens de outrem”.
As palavras “vontade”, “ordens” e “autoridade” nos dão a ideia da existência de uma lei a ser respeitada, guardada.. Por isso, podemos entender que obediência, acima de tudo, envolve estar de acordo com determinadas leis, ou seja, não existe obediência sem leis.

É fato que ninguém vive sem lei, seja no trabalho, na escola, até mesmo dentro de casa. Em toda parte evidenciamos que, sem lei, o CAOS reina soberano. Vemos que isso é um princípio natural da vida. Então por que esse princípio não se aplicaria também as coisas de Deus? Não vamos discutir aqui a validade e eficácia das leis divinas, até porque não faz parte do escopo desse sermão. Basta-nos para tal saber como os profetas consideraram essas leis através dos textos a seguir:
  1. 1.Disse Davi: “Andarei com largueza, pois me empenho pelos Teus preceitos.” (Sl 119:45)
  2. 1.O apóstolo Tiago refere-se aos dez mandamentos como a “lei da liberdade”. (Tg 1:25)
  3. 1.O apóstolo João pronuncia uma benção sobre todos os que “guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à arvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.” (Ap 22:14)
A Relação entre a Fé e a Obediência

Fé e obediência estão intrinsecamente ligadas. Não posso dizer que tenho em fé em Deus, se não demonstro isso em minha vida, pois a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tg 2:17). E a maior demonstração de amor para com Deus se dá através da observância de Seus mandamentos, pois aquele que diz: 'Eu O conheço' e não guarda os Seus mandamentos, é mentiroso e nele não está a verdade. Aquele entretanto que guarda a Sua palavra, nele verdadeiramente tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. (Jo 2:4,5). Ou como prestarei obediência a Deus, pra enfrentar o mundo, se não estiver certo de Sua proteção e cuidado? Anulamos pois a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei. (Rm 3:31).

A fé é evidenciada e aperfeiçoada através das obras, ou seja, as decisões e atitudes que tomamos no dia-a-dia são as provas cabais sobre quem é o senhor a quem servimos: se Deus ou o mundo; o Criador ou a criatura. Não temos fé porque obedecemos, mas a obediência é fruto natural da fé. Portanto, sem obras, não há fé, conforme o já mencionado texto de Tiago 2:17.

Ilustração:
  1. Querer ter fé sem as obras é como querer sentir o gosto do bolo comendo o papel da receita. Explicando: a receita é a fé, o bolo é o resultado da fé, que é a vitória sobre o pecado, mas para chegar até o bolo, é preciso ATITUDE, é preciso juntar os ingredientes, bater a massa e levar ao forno. Depois, sim, vem o tão esperado sabor da vitória!
Nenhuma igreja pode prosperar espiritualmente se seus membros não EXPERIMENTAM dia-a-dia o “sabor” da fé. A Igreja de hoje precisa reaprender o significado de santificação. Será que somos santificados? Veja o que a irmã White escreveu sobre a fé daqueles que estão com um pé na igreja e outro no mundo:
“A esperança da salvação é aceita sem uma mudança radical do coração ou reforma da vida. São assim abundantes as conversões superficiais, e unem-se às igrejas multidões que nunca se uniram a Cristo.” (O Grande Conflito, Ed. Condensada, cap. 27, § 19).
Essa Igreja clama pelo derramamento da chuva serôdia, mas onde está o Espírito Santo na vida de seus membros? Como cristão, estou eu fazendo do meu corpo uma morada habitável para o Espírito? E minha mente? Os ambientes que frequento, as amizades, as conversas que tenho, têm criado condições para que minha mente esteja em sintonia com a do Criador? “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4:8) “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação...” (Mt 26:41).

Fé mais obediência é igual à santificação. Os seguidores de Cristo devem tornar-se semelhantes a Ele – pela graça de Deus devem formar caráter em harmonia com os princípios de Sua santa lei. Isto é santificação bíblica. (O Grande Conflito, Ed. Condensada, cap. 27, § 21). O apóstolo Paulo disse: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.” (I Cor 11:1).

Testemunho:

No dia 13 de maio de 2010, às 21h, fui assaltado. Levaram minha pasta, carteira com documentos, dinheiro e minha moto. Ao invés de reclamar da minha "má" sorte, ao chegar em casa, minha família e eu fizemos um culto de gratidão a Deus. Não falei do ocorrido a ninguém, a não ser para minha esposa e filhas. Queria me concentrar apenas na misericórdia que Deus teve de mim e de minha família. As pessoas souberam naturalmente, mas seja pra quem fosse e até durante a obra missionária, ao dar meu testemunho, demonstrava a alegria e satisfação que tomavam conta do meu ser, mesmo com todo o prejuízo material. Orava a Deus sempre agradecendo e pedia que recuperasse minha motocicleta, mas que, acima de tudo, fosse feita a Sua vontade. Estima-se que, de cada dez motos que são roubadas, duas apenas sejam recuperadas. Em menos de uma semana, minha moto foi recuperada! E esta já é a segunda que me tomam e Deus me devolve. Resultado de uma fé viva e sem pretensões.

Conclusão:
“É privilégio de cada um viver de tal maneira que Deus o aprove e o abençoe... A vida cristã deve ser de fé, vitória e alegria em Deus... 'A alegria do Senhor é vossa força.' 'Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo daí graças, porque essa é a vontade Deus em Cristo Jesus para convosco.' … Neemias 8:10; I Tess 5:16-18.

“São esses os frutos da santificação bíblica... É somente à medida que se restabeleça a lei de Deus à sua posição correta, que poderá haver avivamento da primitiva fé e piedade entre seu professo povo.” (O Grande Conflito, Ed. Condensada, cap. 27, parágrafos finais)

Cláudio César Monteiro dos Santos Júnior
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