quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A Cara do Brasil

Delis Ortiz

Outro dia, ao chegar ao Rio de Janeiro, tomei um táxi. O motorista, jeito carioca, extrovertido, foi logo puxando papo, de olho no retrovisor.

-- A senhora é de Brasília, não é?

-- Sim -- respondi.

-- É, eu a reconheci. E como é que a senhora aguenta conviver com aqueles ladrões lá do Planalto Central? Não deve ser moleza.

O sujeito disparou a falar de políticos, do tanto que eles são asquerosos, corruptos... Desfiou um rosário de adjetivos comuns à politicagem nacional.

Brasília é o palco mais visível dessas mazelas e nem poderia deixar de ser. Afinal, o país inteiro olha para lá. O taxista era só mais um crítico, aparentemente atento. E ele sabia dar nomes aos bois que pastavam tranquilamente no orçamento da união, que se espreguiçavam impunemente sob a sombra da imunidade parlamentar ou de leis feitas em benefício próprio. E que, de tempos em tempos, se refrescavam nas águas eleitoreiras.

O carro seguia em alta velocidade; a distância parecia esticada. Vi uma bandeira três em disparada.

Lá pelas tantas, quando já estávamos dentro de um segundo túnel escuro, o condutor falante sugeriu um “dia sem corrupção”.

-- Já pensou -- disse ele -- se uma vez por ano esses homens não roubassem?

-- Interessante -- a exclamação me escapou aos lábios.

-- Sim -- continuou entusiasmado --, seria uma economia e tanto.

Nessa hora, me dei conta de que estávamos percorrendo o caminho mais longo para o meu destino. Chegava a ser irracional a quantia de voltas para acertar o rumo. Deixei.

-- Os economistas comentam -- tagarelava ele -- que somos um país rico. Não deveria existir déficit da previdência, os impostos nem precisariam ser tão altos, o serviço público poderia ser de primeira. O problema é que quanto mais se arrecada, mais escorre pelo ralo, tamanha a roubalheira.

Tão observador, será que ainda se lembrava em quem tinha votado para deputado ou senador na última eleição? Fiz a pergunta e, depois de algum silêncio, a resposta foi não. Pena.

Caímos num engarrafamento, cenário perfeito para aquele juiz de plantão tecer mais comentários sobre o malfeito.

-- Veja como são as coisas, os riquinhos ociosos da Zona Sul, que deveriam pensar em quem tem pressa, acham que são os donos do pedaço e vão embicando seus carros, furando fila, costurando de uma faixa a outra, querendo levar vantagem. A gente, que é motorista de táxi, tem que ficar atento, porque os guardas estão de olho, qualquer coisinha eles multam. Mas eles fazem vista grossa para as vans que transportam pessoas ilegalmente. Elas param onde querem, estão tomando os nossos passageiros. Como não tem ônibus para todo mundo e táxi fica caro, muita gente prefere ir de van.

Por falar em “caro”, a interminável corrida já estava me saindo um absurdo... Resolvi pontuar algumas coisas.

-- Por que o senhor escolheu o caminho mais longo?

Ele tentou se justificar:

-- É que eu estava fugindo do congestionamento.

-- Mas acabamos caindo no pior deles -- retruquei. E por que o senhor está usando bandeira três se não tenho bagagem no porta-malas nem é feriado hoje? -- continuei questionando.

Ele disse que estava na três para compensar a provável falta de passageiro na volta. Claro que não, eu sabia.

Finalmente, consegui chegar ao endereço pretendido. Fiz mais um teste com o “probo” cidadão: paguei com uma nota mais alta e pedi nota fiscal. Ele me devolveu o troco a menos e disse que o seu talão de notas havia acabado.

-- Veja como são as coisas, seu moço -- emendei. O senhor veio de lá aqui destilando a ira de um trabalhador honesto. No entanto, se aproveitou do fato de eu não saber andar na cidade, empurrou uma bandeirada, andou acima da velocidade permitida, furou sinal, deu voltas, fingiu que me deu o troco certo e diz que não tem nota fiscal!

O brasileiro esperto quis interromper, mas era minha vez de falar.

-- O senhor acha mesmo que ladrões são aqueles que estão em Brasília? Que diferença há entre o senhor e eles?

Eu sabia que estava correndo risco de uma reação violenta, mas não me contive. Os “homens” do Planalto Central são o extrato fiel da nossa sociedade. Quantos taxistas desse porte vemos dirigindo instituições? Bons de discursos... Na prática...

Desembarquei com a lição latejando em mim. Quantas vezes, como fez esse taxista, usamos espelho apenas como retrovisor para reter histórias alheias? Nossas caras, tão deformadas, tão retocadas, tão disfarçadas, onde estão? Onde as escondemos que não aparecem no espelho?

Sem a verdade que liberta, jamais estaremos livres de nós mesmos. Ainda sonho com um Brasil de cara nova... A começar por minha própria cara.

(Delis Ortiz é jornalista, repórter especial da TV Globo, em Brasília. É membro da Igreja Presbiteriana do Planalto. Publicado no site da Editora Ultimato)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Como sobreviver a um ataque do coração quando se estiver sozinho

Circula pela rede mundial de computadores um suposto artigo publicado pelo Rochester General Hospital que orienta pessoas sobre como resistir a um ataque cardíaco enquanto buscam por socorro. Curioso e desconfiado, pesquisei a veracidade do suposto artigo e encontrei o seguinte texto, em inglês, publicado pelo Rochester General Hospital, que fica em Nova York, Estados Unidos:
Important Notice: How To Survive a Heart Attack When Alone

Hundreds of people around the country have been receiving an e-mail message entitled "How to Survive a Heart Attack When Alone." This article recommends a procedure to survive a heart attack in which the victim is advised to repeatedly cough at regular intervals until help arrives.

The source of information for this article was attributed to Rochester General Hospital. This article is being propagated on the Internet as individuals send it to friends and acquaintances - and then those recipients of the memo send it to their friends and acquaintances, and so on.

We can find no record that an article even resembling this was produced by Rochester General Hospital within the last 20 years. Furthermore, the medical information listed in the article can not be verified by current medical literature and is in no way condoned by this hospital’s medical staff. Also, both The Mended Hearts, Inc., a support organization for heart patients, and the American Heart Association have said that this information should not be forwarded or used by anyone.

Please help us combat the proliferation of this misinformation. We ask that you please send this e-mail to anyone who sent you the article, and please ask them to do the same.

Não sou muito bom de inglês, mas eis a tradução que pude fazer do texto acima:
Notícia Importante: Como Sobreviver a Um Ataque do Coração Quando Sozinho

Centenas de pessoas ao redor do país [Estados Unidos] têm recebido uma mensagem de correio eletrônico entitulada "Como Sobreviver a Um Ataque Cardíaco Quando Sozinho". Este artigo recomenda um procedimento para sobreviver a um ataque cardíaco no qual a vítima é aconselhada a tossir repetidamente em intervalos regulares de tempo até que o socorro chegue.

A fonte de informação para o artigo foi atribuída ao Rochester General Hospital. Este artigo está sendo propagado na Internet ao passo que indivíduos enviam-no a amigos e conhecidos - e então os destinatários da mensagem a repassam para seus amigos e conhecidos, e assim por diante.

Nós não conseguimos encontrar registro algum de que um artigo como este tenha sido produzido pelo Rochester General Hospital nos últimos 20 anos. Além disso, a informação médica listada no artigo não pode ser verificada na literatura médica atual e de modo algum é encorajada pela equipe médica deste hospital. Também, ambos The Mended Hearts, Inc., uma organização de suporte para pacientes cardiopáticos, e a American Heart Association disseram que esta informação não deve ser encaminhada nem usada por qualquer pessoa.

Por favor, nos ajude a combater a proliferação desta informação falsa. Nós pedimos a você que, por favor, envie esta mensagem para qualquer um que tenha lhe enviado o artigo e, por favor, peça a esses que façam o mesmo.

Nota: É incrível a capacidade que algumas pessoas têm de "investir" seu tempo causando prejuízo à vida alheia. A pessoa que elaborou esse falso artigo teve de desenvolver todo um raciocínio lógico para elaborá-lo, o que demanda certo tempo e esforço mental. Ah! Como seria bom se esses indivíduos usassem esse tempo e inteligência para olhar para outras coisas que não o próprio umbigo e, então, agregar algum valor às suas próprias vidas e à sociedade como um todo. Não pode-se afirmar que alguém já tenha morrido por causa do referido artigo, mas também não podemos afirmar que não. Ou seja, o autor dessa "brincadeira" de péssimo gosto é, quanticamente, um assassino. [Cláudio]

terça-feira, 9 de junho de 2009

Você sabe o que é arroz parboilizado?

Eu também não sabia, apesar de gostar muito desse tipo de arroz. Sempre tive a curiosidade. E tudo que é importante na vida, como aquilo que comemos, eu procuro saber sobre. Não gosto de sair comprando as coisas por aí, acreditando em todas aquelas propagandas de rótulo. Vivemos num mundo capitalista, digo mais uma vez, que não pensa duas vezes antes de enganar as pessoas com o fim de obter lucro. Isso acontece em todas as áreas: alimentos, higiene, farmácia, construção, etc.. Portanto, não admito ser passado para trás, e pesquiso sobre tudo que faz parte do meu dia-a-dia.

Fiquei surpreso quando descobri todas as vantagens do arroz parboilizado. E ao contrário do que alguns podem pensar, ele não é modificado geneticamente, e não é tão manipulado como os outros tipos desse grão. Veja algumas vantagens:
  • Rico em vitaminas e sais minerais, devido ao processo de parboilização;
  • Quando cozido, fica sempre soltinho;
  • Rende mais na panela;
  • Requer menos óleo no cozimento;
  • Pode ser reaquecido diversas vezes, mantendo suas propriedades;
  • Alto grau de higiene no processo de industrialização;
  • Conserva-se por mais tempo.
Para saber mais sobre esse delicioso e nutritivo alimento que Deus criou, clique aqui.

Fonte: Embrapa

terça-feira, 7 de abril de 2009

O Ultrapresidencialismo de Lula

"A explosiva popularidade do presidente Lula é o último prego no caixão do sistema político brasileiro.

"À exuberância de Lula depois de cinco anos de relativo progresso brasileiro, ao qual ele, como presidente, obviamente contribuiu, junte-se a urgência da crise econômica, que enche de poder os Poderes Executivos no mundo inteiro, e a descida cada vez mais funda aos infernos do Congresso nacional.

"O resultado é o presidente mais poderoso do ciclo político atual, inevitavelmente comparável a Vargas, para o bem e, esperemos, não para o mal..."

Leia mais deste interessantíssimo artigo aqui.

Ser Pai





Soundtrack: Fábio Jr. - Pai


"De todas as minhas modestas dimensões humanas, a que mais me realiza é a de ser pai.

Ser pai é, acima de tudo, não esperar recompensas. Mas ficar feliz caso e quando cheguem. É saber fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão. É aprender a tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância (mas compreensão) com os próprios erros.

Ser pai é aprender, errando, a hora de falar e de calar. É contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para depois. Mas jamais falar no momento preciso. É ter a coragem de ir adiante, tanto para a vida quanto para a morte. É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho, fazendo-se forte em nome dele e de tudo o que terá de viver para compreender e enfrentar.

Ser pai é aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez. É esperar. É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem vivendo. Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, buscando protege-los sem que percebam, para que consigam descobrir os próprios caminhos.

Ser pai é: saber e calar. Fazer e guardar. Dizer e não insistir. Falar e dizer. Dosar e controlar-se. Dirigir sem demonstrar. É ver dor, sofrimento, vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe corrói. Ser pai é ser bom sem ser fraco. É jamais transferir aos filhos a quota de sua imperfeição, o seu lado fraco, desvalido e órfão.

Ser pai é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar. É compreender sem demonstrar, e esperar o tempo de colher, ainda que não seja em vida. Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão. Mas ir às lágrimas quando chegam.

Ser pai é saber ir-se apagando à medida em que mais nítido se faz na personalidade do filho, sempre como influência, jamais como imposição. É saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho. É saber brincar e zangar-se. É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, amar sem receber.

S
er pai é saber receber raiva, incompreensão, antagonismo, atraso mental, inveja, projeção de sentimentos negativos, ódios passageiros, revolta, desilusão e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender; de insistir sem mediação, certeza, porto, balanço, arrimo, ponte, mão que abre a gaiola, amor que não prende, fundamento, enigma, pacificação.

Ser pai é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio. O máximo de convivência no máximo de solidão. É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver. É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar de ser importante."

Arthur da Távora

Para você, pai, meu guardião escolhido por Deus, "meu herói, meu bandido", do teu filho que te ama...

Cláudio César Monteiro dos Santos Júnior

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Aranha

"Uma vez um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo. O homem, correndo, virou em um atalho que saía da estrada e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma oração a Deus da seguinte maneira: - Deus Todo Poderoso fazei com que anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem!!! Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha apareceu uma minúscula aranha.

A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha. O homem se pôs a fazer outra oração cada vez mais angustiado: - Senhor, eu vos pedi anjos, não uma aranha. Senhor, por favor, com tua mão poderosa coloca um muro forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam entrar e me matar... Então ele abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e viu apenas a aranha tecendo a teia.

Os malfeitores estavam entrando na trilha, na qual ele se encontrava, e ele estava esperando apenas a morte. Quando passaram em frente da trilha o homem escutou: - Vamos entrar por esta trilha. - Não, não está vendo que tem até teia de aranha? Nada entrou por aqui. Continuemos procurando nas próximas trilhas.

Fé é crer no que não se vê, é perseverar diante do impossível. Às vezes pedimos muros para estarmos seguros, mas Deus pede que tenhamos confiança nEle para deixar que Sua Glória se manifeste e faça algo como uma teia, que nos dá a mesma proteção de uma muralha."
(Autor desconhecido)

Nota: Muito boa ilustração. Uma maneira prática de demonstrar a sabedoria e engenhosidade de Deus. Para o homem, só o que resolve são muralhas, armas, palavras ofensivas, brutalidade. Mas Deus nos mostra que, na simplicidade e na verdade, está a solução para os mais complexos problemas. [Cláudio]

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Os argumentos surrados do colunista da Veja


A revista Veja desta semana (edição nº 2098, de 4/2/2009) traz um artigo de André Petry sobre o ensino do criacionismo nas escolas ("Lembra-te de Darwin", para assinantes). Depois de tanta discussão sobre o assunto, era de se esperar que o editor trouxesse alguma contribuição nova à polêmica, mas não. O que ele faz é repetir argumentos surrados e evidenciar sua opinião "petryficada" sobre o tema.

Ele começa assim:

"É assustador que, às vésperas do bicentenário do nascimento de Charles Darwin, pai da teoria da evolução, escolas brasileiras estejam ensinando criacionismo nas aulas de ciências. Já se sabia que as escolas adventistas fazem isso. A novidade é que o negócio está se propagando. Em instituições tradicionais de São Paulo, como o Mackenzie, inventou-se até um método próprio para o ensino."

Depois, Petry diz que o relato bíblico da Criação é "uma fábula encantadora, mas não é ciência". No entanto, afirma que "em biologia, vale o evolucionismo de Darwin, segundo o qual todos viemos de um ancestral comum, há bilhões de anos, e chegamos até aqui porque passamos no teste da seleção natural".

A teoria da "sopa morna"

Alguém precisa dizer para o Petry que seleção natural tem base factual e explica relativamente bem a biodiversidade (microevolução) em nosso planeta, mas a história de que "todos viemos de um ancestral comum" (macroevolução), essa, sim, é uma fábula, e nem um pouco "encantadora". A tal origem da vida numa "sopa primordial" ainda é alvo de discussões e há cientistas que discordam desse cenário. Um deles é o professor emérito de química David Deamer, que chefiou uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia. Deamer disse:

"Já faz [150] anos desde que Darwin sugeriu que a vida pode ter começado em uma `poça morna´. Estamos testando a idéia dele, em pequenas poças em regiões vulcânicas em Kamchatka, na Rússia, e Mount Lassen, na Califórnia. Os resultados são surpreendentes e, de certa forma, desapontadores. Parece que as águas ácidas quentes da lama não fornecem as condições adequadas para que componentes químicos se transformem em `organismos pioneiros´."

Deamer disse ainda que aminoácidos e DNA, dois componentes básicos na formação da vida, e fosfato, outro ingrediente essencial, se prendem à superfície de partículas do barro nas poças vulcânicas. "Isso é significativo porque havia a pressuposição de que o barro promove interessantes reações químicas ligadas à origem da vida", explicou. "Entretanto, nos nossos experimentos, os componentes orgânicos ficaram tão grudados às partículas de barro que não poderiam fazer parte de qualquer reação química."

O experimento de Urey-Miller já vinha sendo desacreditado (embora os livros didáticos não tratem disso); agora a teoria da "sopa morna" também enfrenta problemas levantados pela ciência experimental. Mas Veja parece não saber disso...

O "racional" com o "místico"

Petry vai além e afirma que ensinar darwinismo e criacionismo "embrutece" o educando. "Embrutece porque ensina o aluno, desde cedo, a confundir crença e superstição com razão e ciência", diz ele; e pergunta:

"Que cientistas saem de escolas que embrulham o racional com o místico? Também é cascata porque, fosse verdade, a turma estaria ensinando numerologia em matemática. Ensinaria alquimia em química, dizendo, em nome da `liberdade de pensamento´, que é possível transformar zinco em ouro e encontrar o elixir da longa vida..."

Quem disse que o que está além dos domínios do naturalismo metodológico se trata de algo irracional? Por que somente o conteúdo abrangido pelo método científico pode ser qualificado como racional? Estudar a teoria da matéria escura também é irracional? (Com o perdão da comparação um tanto "forçada".) Correndo o risco de apelar para o argumento da autoridade, quero deixar claro que há grandes nomes da ciência que transitam bem nos universos da teologia, da filosofia e da ciência, integrando bem essas áreas. Cientistas como Marcos Eberlin, do Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas (Unicamp); Ruy Carlos de Camargo Vieira, professor emérito da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, autor de livros didáticos e inúmeros artigos científicos e membro da Academia Panamericana de Engenharia; para ficar com dois. Esse é o tipo de cientista que pode sair de escolas que "embrulham o racional com o místico", Petry. Desafio-o a entrevistá-los a fim de conhecer suas idéias. Veja tem espaço para isso?

Um macaco tolo

A visão estreita de Petry acerca da religião bíblica mais parece fruto do preconceito; da opinião "petryficada" de quem não quer se esforçar para entender e separar as coisas; da mania de colocar todas as crenças no mesmo saco do desrespeito. Por esse pensamento, Petry condenaria Isaac Newton e Blaise Pascal, por exemplo, cientistas que conseguiram conciliar a visão teológica com a científica e que, muito provavelmente, enxergaram mais longe justamente por causa dessa visão mais ampla da realidade – sem mencionar que ajudaram a fundar o próprio método científico ao qual os cientistas de hoje devem seus empregos e salários. A Bíblia nada tem a ver com alquimia e numerologia, mas coaduna bem com física, astronomia, história, cronologia, arqueologia, lingüística, matemática... Grandes homens e mulheres de ontem e de hoje, cuja mente está aberta, cujos neurônios não se "petryficaram", reconhecem isso.

Petry finaliza seu texto entrando no barco da darwinlatria 2009:

"Darwin foi um gênio. Em seu tempo, não se sabia como as características hereditárias eram transmitidas de pai para filho. Nem que a Terra tem 4,5 bilhões de anos e que os continentes flutuam sobre o magma. No entanto, a teoria da evolução se encaixa à perfeição nas descobertas da genética, da datação radioativa, da geologia moderna. Só um cérebro poderosamente equipado [isso não é design inteligente?], conjugado com muito estudo [por que deveríamos confiar nos estudos realizados pelo cérebro de um macaco evoluído? O que garante que o ajuntamento casual de moléculas ao longo de bilhões de anos nos legou um cérebro capaz de interpretar corretamente a realidade?], pode ir tão longe. Confundido com criacionismo, Darwin parece um macaco tolo. É assustador."

Ciência lembra a religião

Assustador é perceber como a "petryficação" intelectual tem impedido a muitos de pensar objetiva e honestamente. Nenhum criacionista esclarecido nega as contribuições do darwinismo, desde que se entenda e defina bem o que vem a ser "evolução" e dentro de que limitações e parâmetros ela deve ser colocada. O fato é que na época de Darwin os microscópios eram extremamente rudimentares, incapazes de revelar a complexidade de uma "simples" célula. Quando essa "caixa preta" foi aberta pelos estudos da biologia molecular, um universo de máquinas moleculares ultracomplexas foi descortinado.

Se Darwin tivesse acesso à tecnologia de que dispomos hoje, teria elaborado a teoria geral da evolução que elaborou? Só nos resta especular... A verdade é que Darwin era um homem inteligente e em muitos aspectos mais mente aberta que seus seguidores fundamentalistas de hoje. Em 1859, ele tinha uma política educacional idêntica à esposada pela Educação Adventista e pela Mackenzie:

"Estou bem a par do fato de existirem neste volume [A Origem das Espécies] pouquíssimas afirmativas acerca das quais não se possam invocar diversos fatos passíveis de levar a conclusões diametralmente opostas àquelas às quais cheguei. Uma conclusão satisfatória só poderá ser alcançada através do exame e confronto dos fatos e argumentos em prol deste ou daquele ponto de vista, e tal coisa seria impossível de se fazer na presente obra"
(Charles Darwin, A Origem das Espécies, Belo Horizonte, Villa Rica, 1994, p. 36 – itálico acrescentado).

Concordo com William Hurlbut, em texto publicado na Folha de S.Paulo em janeiro de 2006:

"A ciência ultimamente lembra mais a religião do que qualquer outra coisa. Como conseqüência, ela sofre dos mesmos problemas que historicamente afetaram a religião: triunfalismo, arrogância e falta de autocrítica."

(Michelson Borges, Observatório da Imprensa, 03/02/2009)

Drogas na vagina e fraudes na Saúde

“Há anos vejo mulheres sendo presas por tráfico de drogas ao visitar maridos e namorados nas cadeias. Quase sempre são jovens com pouca escolaridade, mães de mais de um filho, moradoras da periferia das cidades, apaixonadas por bandidos que nunca mais se lembrarão delas quando estiverem atrás das grades. Essas moças geralmente são surpreendidas pelas funcionárias ao passar pela revista, em dia de visita, tentando levar cocaína ou maconha escondida em sacos plásticos introduzidos na vagina.

“Encaminhadas à delegacia, são autuadas em flagrante e trancadas. Não voltam mais para casa; os filhos ficarão sob os cuidados sabe lá Deus de quem. Meses mais tarde, serão condenadas a cumprir penas que podem chegar a quatro ou cinco anos. As novatas entrarão em contato com criminosas de carreira e aprenderão a obedecer a leis impostas pelas quadrilhas que dominam os presídios paulistas; as mais experientes farão pós-graduação no mundo do crime.

“Primárias e reincidentes, quando libertadas, estarão na mesma condição: ex-presidiárias sem dinheiro nem emprego, com filhos para acabar de criar e com a folha de antecedentes marcada. Dos anos no cárcere, carregarão as cicatrizes do aprisionamento e as ligações com as parceiras de infortúnio. Voltar a delinqüir é a saída natural.

“Sem a pretensão de analisar o rigor das leis contra o tráfico, muito menos a de defender quem as infringe, confesso que no caso dessas moças fico confuso. Quantos gramas de maconha cabem na vagina de uma mulher? Essa quantidade apreendida é relevante no combate ao tráfico? Será que uma simples medida administrativa, como cassar definitivamente o direito de visitar qualquer presidiário, não seria castigo suficiente para essas contraventoras e não reduziria a superpopulação nas cadeias femininas?

“Semana passada, a Operação Parasitas, da Polícia de São Paulo, prendeu cinco acusados de comandar uma quadrilha que fraudou centenas de licitações nos principais hospitais públicos da cidade, além de outros no interior do Estado, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. O golpe era o de sempre: empresários subornam funcionários públicos para ganhar licitações superfaturadas, realizar vendas de artigos desnecessários e entregar produtos de qualidade inferior à estipulada nos contratos (ou nem entregá-los).

“Os policiais encontraram compras efetuadas a preços 400% mais altos do que os encontrados no mercado, cateteres contrabandeados da China vendidos como material de primeira e até fraudes em leilões eletrônicos, com provável participação de pregoeiros e de funcionários dos hospitais.

“No período de dois anos, o volume dos negócios teria chegado a R$ 100 milhões. A lavagem do dinheiro era feita em offshores abertas no exterior em nome de pessoas humildes, como sempre.

“Por meio de doações a campanhas políticas, os chefes exerciam influência nos municípios em que atuavam. Num deles, chegaram a "comprar" o cargo de secretário da Saúde por R$ 200 mil, doados ao caixa de campanha de um candidato a prefeito nas últimas eleições.

“O que mais me chamou a atenção, entretanto, foi o fato de que algumas das empresas investigadas e alguns dos suspeitos estavam envolvidos em outras falcatruas perpetradas contra o sistema de saúde: a máfia dos sanguessugas e as fraudes do antigo PAS da Prefeitura de São Paulo. Outros, ainda, haviam sido investigados pela CPI do Banestado e pela Operação Farol da Colina, da Polícia Federal.

“Quer dizer, esses senhores não haviam apenas escapado da cadeia como suas empresas tinham toda liberdade para negociar com hospitais públicos e secretarias de Saúde.

“Os escândalos que se repetem em ciclos na área da Saúde desde que me conheço por gente são frutos da impunidade. Quem rouba dinheiro destinado ao tratamento de doentes pobres deveria responder por crime hediondo e cumprir pena em regime fechado, sem nenhuma regalia, naquelas celas de CDP com mais de vinte ladrões.

“Não sou ingênuo, leitor, sei que os acusados estarão na rua em uma semana. No Brasil, cadeia foi feita exclusivamente para bandido pobre.

“Apesar disso, tomo a liberdade de fazer uma sugestão: por que não condenar esses parasitas, predadores da pior espécie, a quatro ou cinco anos, como é feito com as moças presas nas portas dos presídios?

“É pouco, dirá você. Também acho, mas é melhor do que nada.”

(Dráuzio Varella, Folha de S. Paulo, 8/11/2008)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O papa e a volta de Jesus

As catástrofes em nível mundial junto com guerras e confitos armados podem ser entendidos como sinais da volta de Jesus? Para o papa Bento XVI, não! O site Zenit trouxe a afirmação do pontífice, feita no último domingo (14 de dezembro), de que devemos nos alegrar no Senhor, uma vez que Ele "está próximo [...] Esta é a razão da nossa alegria [...] ‘o Senhor está próximo’? Em que sentido devemos entender esta ‘proximidade’ de Deus [...] a Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, compreendia cada vez melhor que a ‘proximidade’ de Deus não é uma questão de espaço e tempo, mas uma questão de amor: o amor aproxima!"

Em nome de um amor subjetivo, Bento XVI lança por terra toda a preocupação de nosso Salvador em apresentar os sinais de Sua vinda (Mt 24), pelos quais nos é possível vigiar a respeito da proximidade da segunda vinda. A volta de Cristo não é apenas a união mística do crente com Deus, expressa pela comunhão diária; o evento será visível mesmo aos que não têm fé na pessoa de Jesus (Ap 1:7). Jesus virá em glória nas nuvens do céu (Mt 24:30) e Seus anjos recolherão os escolhidos (Mt 24:31). As mudanças climáticas, geológicas e físicas transtornarão a ordem natural que conhecemos (2Pd 3:10). Os próprios injustos sofrerão da penalidade que consiste em estar diante de um Juiz Santo (Ap 6:15-17).

Em suma, o "dia do Senhor" é muito real, não uma metáfora espiritual. Pensar o contrário é não "amar a Sua vinda" (2Tm 4:8). Pena que o papa reduza a responsabilidade pessoal de se preparar diante da iminência da volta de Jesus por causa de um suposto amor, tão vago e despreocupado com "espaço e tempo".

(Questão de Confiança)

Michael Crichton: consenso perigoso

“Quero fazer uma pausa aqui e falar sobre essa noção de consenso, e a origem do que tem sido chamado de ciência consensual. Eu considero a ciência consensual como um desenvolvimento extremamente pernicioso que deve ser parado imediatamente no seu curso. Historicamente, a afirmação de consenso tem sido o refúgio de canalhas; é um modo de se evitar o debate afirmando que a questão já foi resolvida. Sempre que você ouvir que o consenso dos cientistas concorda em alguma coisa ou outra, procure a sua carteira, porque você está sendo roubado.

“Sejamos claros: o trabalho da ciência não tem nada a ver com consenso. O consenso é assunto da política. A ciência, pelo contrário, requer apenas um pesquisador que por acaso está certo, o que significa dizer que ele ou ela tem os resultados que são verificáveis pela referência ao mundo real. Em ciência, o consenso é irrelevante. O que é relevante são os resultados reproduzíveis. Os maiores cientistas na história são grandes exatamente porque eles romperam com o consenso. Não existe essa coisa de ciência consensual. Se for consensual, não é ciência. Se for ciência, não é consensual. Ponto final...

“Repare onde a afirmação de consenso é invocada. O consenso somente é invocado em situações onde a ciência não é suficientemente sólida. Ninguém diz que o consenso dos cientistas concorda que E=mc2. Ninguém diz que o consenso é de que o Sol está a 93 milhões de milhas de distância. Jamais passou pela cabeça de alguém falar assim.”

(Michael Crichton, “Aliens Cause Global Warming”, reimpresso no Wall Street Journal, de 7 de novembro de 2008)

Nota: Michael Crichton escreveu obras famosas como Jurassic Park e Andromeda Strain. Ele era cético quanto ao aquecimento global ser provocado unicamente pelo ser humano. Embora aqui ele trate da questão ambiental, as palavras dele se encaixam perfeitamente no debate sobre a origem e evolução do universo e da vida. Os que são dissidentes da maioria darwinista são sempre intimidados pela afirmação de que todos os “verdadeiros cientistas” acreditam que a vida evoluiu unicamente pelos processos darwinistas quando poderia ser o contrário. (Com informações do blog Desafiando a Nomenklatura Científica)

(Postado originalmente no blog Criacionismo)
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