terça-feira, 20 de março de 2012

Sorrisos em Lágrimas

Hoje apenas quero relatar uma parte do meu dia, algo inesperado que aconteceu comigo, que foi triste, mas, ao mesmo tempo, bom e intenso.

Agora é exatamente 0h28 em Belém do Pará, madrugada do dia vinte de março de 2012, aniversário de minha irmã caçula. Mas o que vou dizer aconteceu na manhã de ontem.

Algumas pessoas sabem do momento difícil que estou vivendo há alguns meses. Um problema muito sério, que não me convém detalhar, o qual tem me causado muito sofrimento, desses que tiram o ar, a motivação, o sorriso. Sua visão se torna em preto e branco, nada tem cor. Ninguém morreu, mas é como se tivesse morrido.

Como ser humano, tenho lutado constantemente para não explodir e certamente isso só não aconteceu graças a misericórdia de Deus, que tem me concedido um espírito manso e uma paciência que nem eu sabia que tinha (talvez porque não tenha, mesmo, e seja oriunda do céu).

Tenho engolido tanta coisa, sido acusado de tanta coisa... mas é difícil combater opinião formada. Realmente ser julgado não é fácil, ainda mais quando sabe-se que os "fatos" apresentados são inverídicos. Acontece que tem sido difícil andar por aí com um melão entalado na garganta, pra não chorar... porque não posso fazer mais nada, a não ser exercitar minha fé, paciência, amor, etc. para com a pessoa que me odeia.

Ao chegar no trabalho, fui direto ao encontro dos meus alunos. Estava atrasado. Lhes dei um exercício, a fim de ganhar tempo para fazer meu desjejum na lanchonete que fica na área arborizada do hospital onde trabalho. Ao me dirigir para lá, em sentido oposto, vem uma médica, conhecida minha, a quem admiro e respeito bastante, apesar do pouco contato. Vou chamá-la aqui apenas de "G.".

Então lhe disse "Bom dia, G!". Ela volveu-se a mim e, com os olhos vermelhos, como de quem possivelmente tivesse saído de um choro recente, séria e de cabeça baixa, retribuiu o cumprimento, falando mais alguma coisa, dando-me uma informação que há tempos lhe havia pedido, mas ela sempre esquecia. Eu já nem precisava mais daquela informação. E percebi no seu semblante que o coração estava partido, que naquele peito havia dor, muita dor. Então, com um olhar singelo, peguei no seu ombro e, bem objetivo, perguntei: "O que você tem, G.?".

Acho que eu já esperava o que aconteceu depois. Ela veio ao encontro do meu abraço e chorou copiosamente em meu peito, como uma criancinha desamparada. Aquilo me tocou profundamente, porque estava diante de uma profissional gabaritada, ética, sempre séria, compenetrada e que aparentava uma frieza no falar, porque não falava qualquer coisa. Suas palavras sempre são medidas e, quase sempre, não vão além, nem aquém do que deve ser dito. Por isso, seu desabamento me comoveu ainda mais.

Com o coração senti algo que estava faltando sentir. E com a mente entendi algo que estava faltando entender. Senti força na minha fraqueza. Entendi, de forma prática, que não estamos sozinhos no sofrimento, pois, até então, só conhecia isso na teoria. E o abraço que recebi falou mais que muitas palavras. Ali nos consolamos. Ela havia perdido o pai para a morte há poucos dias. A ferida estava por demais recente. Eu, de outro lado, havia perdido um amigo e ainda estava vivendo o drama supracitado. A afaguei com ternura.

Senti o conforto de Deus no abraço de um ser humano e involuntariamente transmiti o mesmo a ela. Ao menos, espero que sim. Ao afastar-se de mim, G. percebeu que meus olhos encheram-se rapidamente de lágrimas, enquanto lhe contava do meu problema. Algumas lágrimas escorreram. Como homem, é duro segurar o choro. Mas engoli aquele pedregulho. Ela, ao me consolar, serenou. Que poder o amor altruísta pode ter!!!

Ela, aproximadamente, 38 anos, casada e mãe. Eu, casado e pai. Apenas dois colegas de trabalho enfrentando naquele momento juntos uma fera chamada "vida terrena". Faço este adendo apenas para evitar a aparência do mal.

O que deixo de bom para o leitor nesta história: realmente não é fácil. Viver não é fácil, sofrer não é fácil. Todavia, não sinta-se sozinho. Por trás de muitos sorrisos cidade afora existem corações partidos como o seu. E todos se perguntam "Por quê?", "Como?", "Quando?". Ninguém entende, alguns se enganam, outros preferem julgar e culpar. Mas saiba: Deus está presente no seu sofrimento. Preste atenção nos sinais. Há lições a serem aprendidas. Talvez você não esteja obtendo as respostas certas por estar fazendo as perguntas erradas. Pare. Ouça a voz de Deus. Orar não é só falar, é ouvir também. Abra os olhos e veja. Desacelere. Desligue-se um pouco. "Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus..." (Salmos 46:10).

Um bom dia, tarde ou noite a você e que Deus lhe dê sabedoria, força e serenidade para enfrentar seus problemas. Você vai conseguir atingir seu objetivo. Apenas sincronize-o com a vontade de Deus.  ;-)
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