quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Aranha

"Uma vez um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo. O homem, correndo, virou em um atalho que saía da estrada e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma oração a Deus da seguinte maneira: - Deus Todo Poderoso fazei com que anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem!!! Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha apareceu uma minúscula aranha.

A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha. O homem se pôs a fazer outra oração cada vez mais angustiado: - Senhor, eu vos pedi anjos, não uma aranha. Senhor, por favor, com tua mão poderosa coloca um muro forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam entrar e me matar... Então ele abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e viu apenas a aranha tecendo a teia.

Os malfeitores estavam entrando na trilha, na qual ele se encontrava, e ele estava esperando apenas a morte. Quando passaram em frente da trilha o homem escutou: - Vamos entrar por esta trilha. - Não, não está vendo que tem até teia de aranha? Nada entrou por aqui. Continuemos procurando nas próximas trilhas.

Fé é crer no que não se vê, é perseverar diante do impossível. Às vezes pedimos muros para estarmos seguros, mas Deus pede que tenhamos confiança nEle para deixar que Sua Glória se manifeste e faça algo como uma teia, que nos dá a mesma proteção de uma muralha."
(Autor desconhecido)

Nota: Muito boa ilustração. Uma maneira prática de demonstrar a sabedoria e engenhosidade de Deus. Para o homem, só o que resolve são muralhas, armas, palavras ofensivas, brutalidade. Mas Deus nos mostra que, na simplicidade e na verdade, está a solução para os mais complexos problemas. [Cláudio]

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Os argumentos surrados do colunista da Veja


A revista Veja desta semana (edição nº 2098, de 4/2/2009) traz um artigo de André Petry sobre o ensino do criacionismo nas escolas ("Lembra-te de Darwin", para assinantes). Depois de tanta discussão sobre o assunto, era de se esperar que o editor trouxesse alguma contribuição nova à polêmica, mas não. O que ele faz é repetir argumentos surrados e evidenciar sua opinião "petryficada" sobre o tema.

Ele começa assim:

"É assustador que, às vésperas do bicentenário do nascimento de Charles Darwin, pai da teoria da evolução, escolas brasileiras estejam ensinando criacionismo nas aulas de ciências. Já se sabia que as escolas adventistas fazem isso. A novidade é que o negócio está se propagando. Em instituições tradicionais de São Paulo, como o Mackenzie, inventou-se até um método próprio para o ensino."

Depois, Petry diz que o relato bíblico da Criação é "uma fábula encantadora, mas não é ciência". No entanto, afirma que "em biologia, vale o evolucionismo de Darwin, segundo o qual todos viemos de um ancestral comum, há bilhões de anos, e chegamos até aqui porque passamos no teste da seleção natural".

A teoria da "sopa morna"

Alguém precisa dizer para o Petry que seleção natural tem base factual e explica relativamente bem a biodiversidade (microevolução) em nosso planeta, mas a história de que "todos viemos de um ancestral comum" (macroevolução), essa, sim, é uma fábula, e nem um pouco "encantadora". A tal origem da vida numa "sopa primordial" ainda é alvo de discussões e há cientistas que discordam desse cenário. Um deles é o professor emérito de química David Deamer, que chefiou uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia. Deamer disse:

"Já faz [150] anos desde que Darwin sugeriu que a vida pode ter começado em uma `poça morna´. Estamos testando a idéia dele, em pequenas poças em regiões vulcânicas em Kamchatka, na Rússia, e Mount Lassen, na Califórnia. Os resultados são surpreendentes e, de certa forma, desapontadores. Parece que as águas ácidas quentes da lama não fornecem as condições adequadas para que componentes químicos se transformem em `organismos pioneiros´."

Deamer disse ainda que aminoácidos e DNA, dois componentes básicos na formação da vida, e fosfato, outro ingrediente essencial, se prendem à superfície de partículas do barro nas poças vulcânicas. "Isso é significativo porque havia a pressuposição de que o barro promove interessantes reações químicas ligadas à origem da vida", explicou. "Entretanto, nos nossos experimentos, os componentes orgânicos ficaram tão grudados às partículas de barro que não poderiam fazer parte de qualquer reação química."

O experimento de Urey-Miller já vinha sendo desacreditado (embora os livros didáticos não tratem disso); agora a teoria da "sopa morna" também enfrenta problemas levantados pela ciência experimental. Mas Veja parece não saber disso...

O "racional" com o "místico"

Petry vai além e afirma que ensinar darwinismo e criacionismo "embrutece" o educando. "Embrutece porque ensina o aluno, desde cedo, a confundir crença e superstição com razão e ciência", diz ele; e pergunta:

"Que cientistas saem de escolas que embrulham o racional com o místico? Também é cascata porque, fosse verdade, a turma estaria ensinando numerologia em matemática. Ensinaria alquimia em química, dizendo, em nome da `liberdade de pensamento´, que é possível transformar zinco em ouro e encontrar o elixir da longa vida..."

Quem disse que o que está além dos domínios do naturalismo metodológico se trata de algo irracional? Por que somente o conteúdo abrangido pelo método científico pode ser qualificado como racional? Estudar a teoria da matéria escura também é irracional? (Com o perdão da comparação um tanto "forçada".) Correndo o risco de apelar para o argumento da autoridade, quero deixar claro que há grandes nomes da ciência que transitam bem nos universos da teologia, da filosofia e da ciência, integrando bem essas áreas. Cientistas como Marcos Eberlin, do Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas (Unicamp); Ruy Carlos de Camargo Vieira, professor emérito da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, autor de livros didáticos e inúmeros artigos científicos e membro da Academia Panamericana de Engenharia; para ficar com dois. Esse é o tipo de cientista que pode sair de escolas que "embrulham o racional com o místico", Petry. Desafio-o a entrevistá-los a fim de conhecer suas idéias. Veja tem espaço para isso?

Um macaco tolo

A visão estreita de Petry acerca da religião bíblica mais parece fruto do preconceito; da opinião "petryficada" de quem não quer se esforçar para entender e separar as coisas; da mania de colocar todas as crenças no mesmo saco do desrespeito. Por esse pensamento, Petry condenaria Isaac Newton e Blaise Pascal, por exemplo, cientistas que conseguiram conciliar a visão teológica com a científica e que, muito provavelmente, enxergaram mais longe justamente por causa dessa visão mais ampla da realidade – sem mencionar que ajudaram a fundar o próprio método científico ao qual os cientistas de hoje devem seus empregos e salários. A Bíblia nada tem a ver com alquimia e numerologia, mas coaduna bem com física, astronomia, história, cronologia, arqueologia, lingüística, matemática... Grandes homens e mulheres de ontem e de hoje, cuja mente está aberta, cujos neurônios não se "petryficaram", reconhecem isso.

Petry finaliza seu texto entrando no barco da darwinlatria 2009:

"Darwin foi um gênio. Em seu tempo, não se sabia como as características hereditárias eram transmitidas de pai para filho. Nem que a Terra tem 4,5 bilhões de anos e que os continentes flutuam sobre o magma. No entanto, a teoria da evolução se encaixa à perfeição nas descobertas da genética, da datação radioativa, da geologia moderna. Só um cérebro poderosamente equipado [isso não é design inteligente?], conjugado com muito estudo [por que deveríamos confiar nos estudos realizados pelo cérebro de um macaco evoluído? O que garante que o ajuntamento casual de moléculas ao longo de bilhões de anos nos legou um cérebro capaz de interpretar corretamente a realidade?], pode ir tão longe. Confundido com criacionismo, Darwin parece um macaco tolo. É assustador."

Ciência lembra a religião

Assustador é perceber como a "petryficação" intelectual tem impedido a muitos de pensar objetiva e honestamente. Nenhum criacionista esclarecido nega as contribuições do darwinismo, desde que se entenda e defina bem o que vem a ser "evolução" e dentro de que limitações e parâmetros ela deve ser colocada. O fato é que na época de Darwin os microscópios eram extremamente rudimentares, incapazes de revelar a complexidade de uma "simples" célula. Quando essa "caixa preta" foi aberta pelos estudos da biologia molecular, um universo de máquinas moleculares ultracomplexas foi descortinado.

Se Darwin tivesse acesso à tecnologia de que dispomos hoje, teria elaborado a teoria geral da evolução que elaborou? Só nos resta especular... A verdade é que Darwin era um homem inteligente e em muitos aspectos mais mente aberta que seus seguidores fundamentalistas de hoje. Em 1859, ele tinha uma política educacional idêntica à esposada pela Educação Adventista e pela Mackenzie:

"Estou bem a par do fato de existirem neste volume [A Origem das Espécies] pouquíssimas afirmativas acerca das quais não se possam invocar diversos fatos passíveis de levar a conclusões diametralmente opostas àquelas às quais cheguei. Uma conclusão satisfatória só poderá ser alcançada através do exame e confronto dos fatos e argumentos em prol deste ou daquele ponto de vista, e tal coisa seria impossível de se fazer na presente obra"
(Charles Darwin, A Origem das Espécies, Belo Horizonte, Villa Rica, 1994, p. 36 – itálico acrescentado).

Concordo com William Hurlbut, em texto publicado na Folha de S.Paulo em janeiro de 2006:

"A ciência ultimamente lembra mais a religião do que qualquer outra coisa. Como conseqüência, ela sofre dos mesmos problemas que historicamente afetaram a religião: triunfalismo, arrogância e falta de autocrítica."

(Michelson Borges, Observatório da Imprensa, 03/02/2009)

Drogas na vagina e fraudes na Saúde

“Há anos vejo mulheres sendo presas por tráfico de drogas ao visitar maridos e namorados nas cadeias. Quase sempre são jovens com pouca escolaridade, mães de mais de um filho, moradoras da periferia das cidades, apaixonadas por bandidos que nunca mais se lembrarão delas quando estiverem atrás das grades. Essas moças geralmente são surpreendidas pelas funcionárias ao passar pela revista, em dia de visita, tentando levar cocaína ou maconha escondida em sacos plásticos introduzidos na vagina.

“Encaminhadas à delegacia, são autuadas em flagrante e trancadas. Não voltam mais para casa; os filhos ficarão sob os cuidados sabe lá Deus de quem. Meses mais tarde, serão condenadas a cumprir penas que podem chegar a quatro ou cinco anos. As novatas entrarão em contato com criminosas de carreira e aprenderão a obedecer a leis impostas pelas quadrilhas que dominam os presídios paulistas; as mais experientes farão pós-graduação no mundo do crime.

“Primárias e reincidentes, quando libertadas, estarão na mesma condição: ex-presidiárias sem dinheiro nem emprego, com filhos para acabar de criar e com a folha de antecedentes marcada. Dos anos no cárcere, carregarão as cicatrizes do aprisionamento e as ligações com as parceiras de infortúnio. Voltar a delinqüir é a saída natural.

“Sem a pretensão de analisar o rigor das leis contra o tráfico, muito menos a de defender quem as infringe, confesso que no caso dessas moças fico confuso. Quantos gramas de maconha cabem na vagina de uma mulher? Essa quantidade apreendida é relevante no combate ao tráfico? Será que uma simples medida administrativa, como cassar definitivamente o direito de visitar qualquer presidiário, não seria castigo suficiente para essas contraventoras e não reduziria a superpopulação nas cadeias femininas?

“Semana passada, a Operação Parasitas, da Polícia de São Paulo, prendeu cinco acusados de comandar uma quadrilha que fraudou centenas de licitações nos principais hospitais públicos da cidade, além de outros no interior do Estado, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. O golpe era o de sempre: empresários subornam funcionários públicos para ganhar licitações superfaturadas, realizar vendas de artigos desnecessários e entregar produtos de qualidade inferior à estipulada nos contratos (ou nem entregá-los).

“Os policiais encontraram compras efetuadas a preços 400% mais altos do que os encontrados no mercado, cateteres contrabandeados da China vendidos como material de primeira e até fraudes em leilões eletrônicos, com provável participação de pregoeiros e de funcionários dos hospitais.

“No período de dois anos, o volume dos negócios teria chegado a R$ 100 milhões. A lavagem do dinheiro era feita em offshores abertas no exterior em nome de pessoas humildes, como sempre.

“Por meio de doações a campanhas políticas, os chefes exerciam influência nos municípios em que atuavam. Num deles, chegaram a "comprar" o cargo de secretário da Saúde por R$ 200 mil, doados ao caixa de campanha de um candidato a prefeito nas últimas eleições.

“O que mais me chamou a atenção, entretanto, foi o fato de que algumas das empresas investigadas e alguns dos suspeitos estavam envolvidos em outras falcatruas perpetradas contra o sistema de saúde: a máfia dos sanguessugas e as fraudes do antigo PAS da Prefeitura de São Paulo. Outros, ainda, haviam sido investigados pela CPI do Banestado e pela Operação Farol da Colina, da Polícia Federal.

“Quer dizer, esses senhores não haviam apenas escapado da cadeia como suas empresas tinham toda liberdade para negociar com hospitais públicos e secretarias de Saúde.

“Os escândalos que se repetem em ciclos na área da Saúde desde que me conheço por gente são frutos da impunidade. Quem rouba dinheiro destinado ao tratamento de doentes pobres deveria responder por crime hediondo e cumprir pena em regime fechado, sem nenhuma regalia, naquelas celas de CDP com mais de vinte ladrões.

“Não sou ingênuo, leitor, sei que os acusados estarão na rua em uma semana. No Brasil, cadeia foi feita exclusivamente para bandido pobre.

“Apesar disso, tomo a liberdade de fazer uma sugestão: por que não condenar esses parasitas, predadores da pior espécie, a quatro ou cinco anos, como é feito com as moças presas nas portas dos presídios?

“É pouco, dirá você. Também acho, mas é melhor do que nada.”

(Dráuzio Varella, Folha de S. Paulo, 8/11/2008)

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