quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Uma Igreja, Duas Classes

Na minha igreja, a maioria se baseia no comportamento e diretrizes da maioria, enquanto a minoria se baseia na verdade incontaminada; a maioria se baseia nas impressões e sentimentos, a minoria, na razão e na fé no que está escrito; a maioria se baseia na "achologia", a minoria, no Manual da Igreja; a maioria se baseia no "assim diz o pastor", a minoria, no "assim diz o Senhor"; a maioria se baseia na aparência de piedade, colocando a harmonia das relações humanas acima dos princípios divinos, a minoria sabe que disciplinar é amar; a maioria afirma que as pregações devem ser cristocêntricas, para meramente se esquivarem de temas polêmicos, a minoria sabe que verdadeiramente cristocêntrica não é a mensagem que menciona várias vezes o nome de Cristo, mas, sim, aquela que ensina o que Jesus ensinou, seja polêmico ou não, mencione o nome dEle, ou não; a maioria acredita cegamente nos pastores, pois ouvem eles dizerem que essa é a Igreja profética que concluirá a obra, incucando nas pessoas que essa é infalível, apesar de criticarem a Igreja Católica pelo mesmo motivo, a minoria crê somente no que está de acordo com as Escrituras, independentemente de cargo ou condição social de quem ensina, e que não é a Igreja, entidade jurídica reconhecida pelo Estado, que é profética, mas, sim, o povo que a constitui, mesmo que isso fira o orgulho de alguns líderes; na minha igreja, a única semelhança entre as duas classes é que a maioria se orgulha de ser a maioria e a minoria, de ser a minoria. Contudo, é essa semelhança que faz toda a diferença, pois a maioria tem sua força no apoio que seus integrantes encontram uns nos outros, porém a esperança da minoria está firmada no Senhor. Amém.

sábado, 7 de setembro de 2013

O Verdadeiro Arrependimento

Às vezes, é bom não se conformar unicamente com a leitura da Bíblia traduzida em outro idioma que não o original, por exemplo, em português, pois acaba ocorrendo um fenômeno chamado lost in translation, que significa "perdido durante a tradução". Isso aconteceu com a palavra arrependimento e vamos descobrir o porquê.

O Dicionário Michaelis define a palavra "arrependimento" como (1) Ato de arrepender-se; pesar sincero de algum ato ou omissão. (2) Contrição. (3) Mudança de deliberação. (4) Desistência de coisa feita ou empreendida. Até aqui, o leitor sincero da Bíblia, mesmo sendo um dominador da norma culta da língua portuguesa, terá um entendimento equivocado sobre o que representa esta palavra tão importante para o cristão, no contexto bíblico, pois ali ela não limita-se a apenas um sentimento de pesar ou contrição, mas, sim, a uma mudança de comportamento. E isso pode fazer a diferença na hora de moldar a conduta do cristão, levando-o à salvação, ou a perdição eterna.

A palavra em hebraico para arrependimento é nacham ou nocham. No sentido original da palavra, "arrepender" tem o mesmo sentido da palavra "entristecer". Estar triste com alguma coisa não significa que uma mudança ocorreu, significa apenas que há tristeza por causa de algo que aconteceu [num primeiro momento]. 1

Do grego μεταμέλεια - Metanóia, que é na verdade a junção de duas palavras: Meta: Mudança, e Nóia: Mente, o que traduzido do grego quer dizer mudança de mentalidade. 2

O termo é pessoal e relacional. Implica em voltar ao que se estava fazendo antes, e renunciar ao mau comportamento pelo qual a vida e os relacionamentos estavam sendo prejudicados. Na Bíblia, arrependimento é um termo teológico que indica um abandono daquelas atitudes que afrontam Deus envolvendo-se no que ele odeia e proíbe. O termo no hebraico para arrependimento significa desviar-se, ou retornar. O termo correspondente no grego tem o sentido de mudança de mente de modo a mudar os caminhos também. Arrependimento significa mudar hábitos de pensamento, atitudes, ponto de vista, política, direção e comportamento na medida certa para deixar de lado o caminho errado e seguir o caminho certo. Arrependimento é, na verdade, uma revolução espiritual. 3

ARREPENDIMENTO: Decisão de mudança total de atitude e de vida, em que a pessoa, por ação divina, é levada a reconhecer o seu pecado e a sentir tristeza por ele, decidindo-se a abandoná-lo, baseando sua confiança em Deus, que perdoa (MT 3:2-8; 2CO 7:9-10; 2PE 3:9). O complemento do arrependimento é a FÉ. E os dois juntos constituem a CONVERSÃO. [grifo meu] 4

Existe uma cultura no cristianismo contemporâneo que é a de pensar que arrependimento é, e limita-se a ser, apenas um forte sentimento de tristeza por algo de errado que se tenha feito, dito ou pensado e de que isso é o suficiente para se obter o perdão do ofendido. Essa moda também é ensinada aos mais jovens nas igrejas e pregada nos púlpitos. Mas agora isso está desmistificado e o paradigma, destruído.

Portanto, devemos saber que Deus é o Ser que não nos julga pelos nossos sentimentos, mas, sim, pelas nossas atitudes. Assim, não adianta confessar em oração que se está pesaroso por causa do erro cometido, sem ter uma pré-disposição mental (metanoia) a mudar de comportamento. Nesse caso, Deus não perdoará, por incrível que pareça, porque o arrependimento, o verdadeiro e completo arrependimento, é um pré-requisito para tal.

Agora você deve estar se perguntando - Mas, segundo a Bíblia, Deus sonda os corações, então como pode Ele não levar em conta meus sentimentos? - Ele leva em conta os sentimentos, sim, mas esses não são o fator determinante do perdão. A equação é simples: se o pecador sofre (sentimento), Deus sofre (sentimento) também; se o pecador se arrepende (atitude), Deus perdoa (atitude).

É preciso ainda esclarecer que, quando é dito na Bíblia que Deus sonda os corações, naqueles tempos remotos em que a Bíblia foi escrita, o coração era considerado como o principal órgão do corpo humano e de que desse provinham todos os sentimentos, mas hoje sabe-se que o órgão responsável pelas sensações é o cérebro e, não somente isso, também, pela consciência e pela razão. Por isso, de hoje em diante, quando ler "coração" na Bíblia, entenda "mente". Uma mente transformada gera atitudes transformadas e esse é o verdadeiro arrependimento, o qual conduz ao perdão.

O texto a seguir não utiliza a palavra coração, mas é uma amostra de que o foco da transformação do cristão não está no coração, e, sim, na mente: E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento [grifo meu], para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2.

Sentir-se triste em razão do pecado é saudável, porque este sentimento, se canalizado corretamente, conduz ao verdadeiro arrependimento. Todavia, aquela mera tristeza que deixamos passar, que ignoramos, e não damos o devido trato a ela, conforme o mundo ensina a se fazer, conduz a morte (separação de Deus), conforme 2Co 7:9-10.

Referências:
3 - Blog "Josemar Bessa";
4 - Dicionário bíblico do iGuga
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