Você
Não É Perfeito, Me Deixe Errar em Paz
Quero
fazer aqui uma reflexão sobre um hábito que tem impedido muitas
pessoas de crescer mais do que realmente crescem. Me refiro ao
crescimento pessoal, não o material, mas registre-se o fato de que o
baixo crescimento pessoal contribui para menos chances de crescimento
material. Estou falando do hábito de culpar qualquer coisa ou pessoa
pelos próprios erros, menos a si mesmo.
Não
vou abordar o assunto com muitas palavras minhas, mas deixarei que
outras fontes falem mais. Isso, porque, apesar de o comportamento e
psiquê humanos serem um tema que despertam um interesse
extraordinário em mim, não sou especialista no assunto, mas também
não acho que entenda pouco, sou estudioso, e, no afã de comprovar
algumas coisas que já faziam parte de meu discurso em
aconselhamentos que dei e ainda dou, fui atrás de comprovar se estes
conceitos que carrego, que são impopulares e desgostosos para
muitos, realmente fazem sentido ou se só pertenciam a um mundo de
ideias loucas e insensíveis.
Em
minha experiência, vejo que pessoas, ao serem corrigidas, usam
comumente estas duas desculpas: que ninguém pode julgá-las ou que
ninguém é perfeito. “Não me julgue!”, “Só sabe olhar os
meus erros, como se você fosse perfeito”. As duas frases, na
verdade, são a tentativa de dizer a mesma coisa: que uma pessoa é
incompetente para julgar a outra. Só uma tentativa. Focando no mundo
cristão, é uma tentativa consciente ou inconsciente de desvirtuar
os ensinamentos bíblicos que falam sobre o julgamento que não é
reto, ou seja, que não é pelos parâmetros bíblicos. Iremos ver
que um julgamento reto pode ser feito, principalmente se aquilo que
estamos julgando (analisando, criticando, não sentenciando) não é
motivo de falha na vida pessoal de quem julga e, mesmo que haja
falha, se for uma falha abandonada, não é impedimento para julgar.
Dizer
que não se pode julgar só por não ser perfeito, por todos serem
pecadores, dá margem para dizermos, como exemplo, que uma pessoa que
nunca teve vícios, mas resistiu a todas as tentações, não pode
aconselhar um viciado, porque o primeiro tem o defeito de não
obedecer às leis de trânsito. É uma falha? Sim. Isto o torna
imperfeito? Sim. Mas isto o incapacita de aconselhar ou corrigir na
questão do vício? Não! Este é o problema de quem diz “não me
julgue” ou “você não é perfeito”: generalizam onde lhes
convém e especializam onde lhes convém, mas no fundo sabem que
existem incontáveis defeitos, e que, muitas vezes, um não tem a ver
com o outro e, por isso, não impediriam o julgamento. Se assim não
fosse, ninguém poderia julgar e seriam extintos os pais (não é o que está acontecendo?), os juízes,
os agentes de trânsito, os conselheiros matrimoniais, juntamente com
toda e qualquer possibilidade de análise e viveríamos uma anarquia
total (não parece que estamos chegando lá?), porque todos têm defeitos e ninguém é perfeito.
Deixo-vos
agora com a opinião de pessoas que entendem mais do que eu. São
apenas alguns trechos, mas recomendo e faço o desafio à leitura
completa das fontes citadas ao final.
Não
julgueis! Será mesmo?
“Deixar
de exercer juízo sobre as pessoas e seus comportamentos em sociedade
é escancarar as portas para que em pouquíssimo tempo coisas que
hoje, ainda, são absolutos inquestionáveis tornem-se questionáveis,
combatidos e vencidos. [...]
“Se
o ser humano excluiu Deus de sua agenda e trabalha numa velocidade
cada vez maior para extinguir todos os valores judaico-cristãos
extraídos da Escritura Sagrada que ajudaram a construir toda a moral
e ética do ocidente, o que vai nos restar? Qual balança iremos
usar? A qual absoluto iremos recorrer? Gente, se cada um tem a sua
verdade, pensa o que quer, faz o que quer, se não existe absoluto
moral algum porque ninguém pode julgar ninguém em nome do amor,
quem poderá falar com propriedade sobre o que é certo ou errado?
[…]
“O
julgamento cristão nunca deve ser desprovido de compaixão e amor
por aquele que está sendo julgado. O próprio Deus “corrige a quem
ele ama e castiga a quem ele aceita como filho” (Hb 12.6-7). Dizer
que Jesus condena todo e qualquer julgamento é infantilidade mimada
de quem busca um espaço inexistente nos ensinos bíblicos para
avalizar suas práticas erradas. O próprio Cristo combate a postura
infantil dos judeus de sua época e ordena: “julguem segundo a reta
justiça”, leiam João 7 e tirem suas próprias conclusões. O
mesmo Jesus que diz “não julgueis”, agora diz “julgai segundo
a reta justiça”? Está Cristo se contradizendo ou somos nós que
não estamos o entendendo? […]
“Com
esse discurso politicamente correto de “não julgueis” estamos
barateando o sacrifício de Jesus [...]. As vezes tenho a impressão
que em certas ocasiões a expressão “não julgueis” significa
muito mais um “deixe-me pecar em paz” do que qualquer outra
coisa. Sinceramente, esse pensamento me assusta. [...] Por mais
formoso que possa parecer aos nossos olhos, o pecado é mau e nos
afasta de Deus. Parece que estamos tentando arrumar uma desculpa para
trilhar exatamente o caminho oposto. O ser humano é pecador e vai
cair, sim! Vai pecar, sim! E justamente nesta hora temos de ser ainda
mais amorosos e gentis com aquele que cai, estendo-lhe mãos de
socorro, perdão e CORREÇÃO [grifo meu]. No entanto, não é porque
temos de ser amorosos, que faremos vistas grossas e seremos
condescendentes com o erro. Se você quer saber o quanto o pecado é
detestável para Deus, olhe para a cruz, veja o que Ele fez a Cristo,
seu Único Filho, padecer por causa do seu e do meu pecado! […]
“Muitos
pregam o maravilhoso evangelho do “eu também não a condeno” de
João 8.11, mas, se esquecem de pregar o não menos maravilhoso
evangelho do “agora vá e abandone sua vida de pecado” do mesmo
João 8.11. É preciso entender que esta segunda afirmação também
é carregada de amor, bondade e cuidado de Deus. Cristo só pôde
dizer àquela mulher “eu também não a condeno” porque sabia que
muito em breve ele padeceria horrores numa cruz em pagamento dos
pecados dela, alguém teria de pagar aquela conta. […]
“Correção
é dádiva! Seguir a Cristo implica em constante luta contra nossa
natureza pecaminosa. Foi sempre assim, o apóstolo Paulo já dizia
aos coríntios: “esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para
que depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser
reprovado”. Vejo muita gente falando por aí que Deus é amor, mas
quase ninguém dizendo com a mesma ênfase que Ele também é santo
[...] se fôssemos examinar ao longo de toda Escritura, o único
atributo de Deus que é repetido três vezes é o atributo de sua
santidade. Em nenhum lugar vemos Deus sendo chamado de justo, justo,
justo, ou, amor, amor, amor. Servimos a um Deus que é Santo, Santo,
Santo e seu amor não existe e nunca existiu em detrimento de sua
santidade. Portanto, por mais dolorido que seja, que nos alegremos
nos momentos em que formos julgados “segundo a reta justiça”,
este será sempre um grande sinal de que Deus nos ama e quer o melhor
para nós. […]
“Que
não transformemos o evangelho do Cristo Bendito em uma ideologia
barata, ou numa espiritualidade a la carte onde cada um se serve
daquilo que bem entende e julga ser correto e mais confortável para
si.
“Aliás,
já perceberam que todos nós julgamos todo mundo e todas as coisas o
tempo todo, e exigir que alguém pare de julgar é uma contradição
lógica e ao mesmo tempo uma hipocrisia? Que tenhamos maior
profundidade, coragem e maturidade em encarar as questões sérias
que compõem a nossa realidade, sempre em amor, para glória de Deus
e zelosos pelo próximo. As vezes é bem difícil, mas nunca foi tão
necessário.”
Colocar
a culpa nos outros: como a psicologia explica a dificuldade em
assumir os erros no trabalho
“O
ser humano tende a sempre tentar colocar a culpa em outras pessoas ou
fatores externos para justificar seus comportamentos, posturas ou
resultados [insatisfatórios] [...]. É muito comum se esconder atrás
dos muros criados pela própria mente para se defender das
frustrações, mesmo que isso aconteça de maneira inconsciente: por
mais que o indivíduo saiba que cometeu um erro, sua mente ativa
mecanismos defensores que tentam encontrar maneiras de fazer com que
ele escape da culpa.
“A
dificuldade para assumir os próprios erros existe porque encontrar
culpados se tornou um hábito do ser humano: se está sofrendo é
porque alguém está causando este sofrimento [...] e assim por
diante.
“Ao
assumir a própria responsabilidade pelos erros, por outro lado, é
possível superar os acontecimentos e evitar que os mesmos problemas
voltem a acontecer no futuro. Perceber que você permitiu que
determinado fator negativo acontecesse em sua vida e que você é o
único responsável por essas experiências é sinal de maturidade
emocional.
“Seja
nos relacionamentos interpessoais ou na vida profissional, fugir de
seus erros e das consequências que eles trazem, assim como negá-los
ou ignorá-los, faz com que você se afaste de diversas oportunidades
de crescer. Isso faz com que você fique repetindo os mesmos padrões
ao longo da vida, cometendo sempre os mesmos erros e lidando com as
mesmas consequências.”
A
publicação continua, sugerindo alguns passos a serem executados
pela pessoa que deseja aprender a assumir os próprios erros, sem se
martirizar com a culpa, mas, no entanto, sem se utilizar de meios
espúrios para amenizá-la, como exemplo, projetando-a em outros.
Cada passo é abordado de forma mais detalhada, mas aqui só farei
uma recapitulação:
- Reflita
- Saia
do modo automático
- Saia
do papel de vítima (vitimismo)
- Perdoe-se
(lembrando que perdoar-se, antes de obter alívio para a culpa,
significa assumi-la, pois perdão é para quem errou, de outra forma,
não seria perdão)
Saiba
por que é mais fácil culpar o outro…
“‘A
culpa é minha e eu boto em quem quiser!’. A frase é do personagem
Homer Simpson, mas tem um fundo de verdade. Vira-e-mexe colocamos a
culpa nos outros; aliás, isso é quase um vício que dá certo
alívio. Mas por que se faz isso? Para mostrar o quanto cada um é
‘perfeito’? Ou por que é mais fácil ficar eternamente agarrado
à ‘Terra do Nunca’?
“‘A
tendência do ser humano é não querer ver os seus defeitos, nem
admitir os seus problemas. De uma forma projetiva jogamos nossos
erros para o outro e evitamos olhar para nós mesmos. Quando a pessoa
se sente culpada, se acha fraca e, quando faz o movimento de culpar o
próximo, sente-se mais forte, mas na realidade está se defendendo’,
diz a psicóloga Esmeralda Sarracini.
“Esse
processo é uma tendência infantilizada. Vemos muito isso nas
crianças. Elas quase nunca admitem os seus erros.”
A
publicação segue orientando que é o amadurecimento que nos faz
mudar esta postura, que é nos responsabilizando pelos nossos erros
que podemos ter um indicativo de maturidade. Cita também depoimentos
de pessoas que passam ou superaram este problema.
Percebo
que pessoas que não se responsabilizam pelos seus erros são aquelas
mais “boazinhas” também e, por isso, não cobram aos outros
dentro de suas responsabilidades, salvo uma única exceção: quando
esta falta de responsabilização alheia irá responsabilizar ela
mesma. Aí o bicho pega. Quando não, para os “bonzinhos”, é
preferível manter os sorrisos, a boa fama, as relações “saudáveis”
(na aparência) do que responsabilizar e perder o prestígio que, na
verdade, nunca houve naquele nível observado.
Saber
responsabilizar-se, portanto, é um sinal de maturidade e garantia de
saúde para si mesmo e para relações de verdadeira amizade e
respeito, no trabalho, com amigos, familiares e no amor.
Espero
que, ao invés da voz do ego, tenhamos deixado a voz do Espírito de
Deus nos alcançar, pois aqui o julgamento foi reto, isto é, dentro dos parâmetro bíblicos. Deus seja louvado.
Cláudio César M. dos Santos Jr.