sexta-feira, 18 de março de 2011

Al Capones Evangélicos


Este artigo foi publicado por J. Lee Grady, editor da Revista Charisma. Estes são os trechos que considerei mais relevantes, aos quais faço também meus comentários.

"Houve um tempo em que Al Capone controlava toda a cidade de Chicago. O notório gangster da década de 1920 subornou o prefeito, comprou a polícia e, como um rei, presidiu um império de cassinos, redes de contrabando e botecos em pleno vigor da Lei Seca. Ele se esquivou das balas por muitos anos e viveu acima da lei – ganhando assim a reputação de 'intocável' porque ninguém podia levá-lo à justiça.

"Antes que Capone fosse finalmente preso em 1932, ele justificou seus crimes dizendo: 'Tudo o que faço é para atender a demanda do público.' Ele nunca assumiu responsabilidade pelo estrago que causou porque prefeitos, policiais, líderes comunitários e estelionatários o apoiaram todo o tempo.

"Odeio ter que comparar ministros de Deus a um mafioso. Mas a triste verdade é que atualmente há alguns (talvez mais do que só alguns) pastores que possuem algumas das características mais abomináveis de Al Capone. São mestres do engano e da manipulação. ...

"Mas a exemplo de Al Capone, seus dias estão contados. A Justiça logo os agarrará.

"Estes falsos profetas provavelmente começaram com um chamado genuíno da parte de Deus, mas o sucesso os destruiu. ..."

E, em parte, a culpa é nossa, porque, quando deveríamos ter falado, nos calamos diante do erro de falsos líderes. E isso lhes serve como tentação, a sentirem-se poderosos, influentes. Ficam cheios de si. Outro fato que contribui para a corrupção de pastores e líderes é a falta de conhecimento da Palavra de Deus por parte de seus liderados. O membro de igreja se acomoda, "papando sermão" e acreditando em tudo que o pastor fala, sem questionar, sem consultar a Biblia. Para esse tipo de membro o que vale não é o "assim diz o Senhor", e, sim, o "assim diz o pastor". É muito mais cômodo colocar toda a responsabilidade por minha salvação/perdição nas mãos do pastor. Troca-se o estudo esmerado da Bíblia pela simples leitura superficial, porque entende-se que o pastor já conhece. Mera preguiça, negligência e presunção.

"Nós fomos os tontos. Quando ficávamos sabendo que eles estavam vivendo em imoralidade, maltratando suas esposas ou povoando cidades com seus filhos bastardos, dávamos ouvidos às suas desculpas ao invés de exigir que estes pastores vivessem como verdadeiros cristãos. Que Deus nos perdoe."

A Igreja tem, nas últimas décadas, substituído os valores neotestamentários da qualificação e trabalho pastoral por modelos de gestão empresarial e mercado corporativo. Isso nos trouxe pastores mercadológicos, porém imorais, produtivos quantitativamente, e não qualitativamente, eficientes, porém pouco eficazes. Será que foi esse o modelo sustentado por Jesus? Se sim, então era pra Judas ter sido o seu melhor apóstolo. Ele tinha todas essas "qualidades". Os outros nem tanto. Eram homens mais simples. Mas Judas não suportou o modelo "louco" e "ultrapassado" de Jesus, tanto que o traiu. Precisamos refletir nisso.

"Nós fomos os ingênuos. ... Na verdade, sempre que questionávamos algo, outro cristão rapidamente retrucava: 'Não critique! A Bíblia diz "Não toque o ungido do Senhor!"' Que Deus no perdoe.

"Se tivéssemos aplicado discernimento bíblico há muito tempo atrás, teríamos evitado todo este caos. Jamais saberemos quantos incrédulos rejeitaram o Evangelho porque viram a Igreja apoiando pilantras que se gabavam, coagiam, mentiam, manipulavam, subornavam, roubavam e, com lágrimas, conquistavam espaço em nossas vidas ....

"Sempre que cristãos bem intencionados citam 1 Crônicas 16:22 ('Não toqueis os meus ungidos e não façais mal aos meus profetas') para encobrir a sujeira e o charlatanismo, eles cometem uma injustiça contra as Escrituras. Esta passagem não ordena que nos calemos quando um líder está abusando do poder ou enganando as pessoas. Pelo contrário, somos chamados a confrontar o pecado em amor e honestidade. E certamente não estamos amando a Igreja se permitimos que os Al Capones carismáticos de nossa geração a corrompam."

É como sempre digo: quando poupamos o pastor de uma advertência, estamos sendo cruéis com a verdade e com milhares de cristãos que dependem dela, pois, assim como uma gota d'água influencia todo o oceano, o testemunho imoral de um líder gera frutos maus em longo alcance de espaço e tempo.
Sendo bem prático e realista, o que existe hoje é um corporativismo no seio da administração eclesiástica. Enquanto Jesus repreendia o pecado em público (quando o pecado era público), hoje a Igreja (entenda-se: homens que administram a Igreja) omite seus erros, os erros de seus líderes e orienta seus pastores a desencorajar e até repudiar qualquer irmão que fale em repreensão. Este último é logo tachado de brigão e não-consagrado, quando apenas quer exercer seu direito, dado por Deus, de clamar por justiça.

Mas há também um fundo de razão nos pastores que procedem dessa maneira. Há muitos "cristãos" por aí que, na verdade, são sentinelas de plantão, mas não da salvação e, sim, de acusação. Andam ávidos por acusar alguém, por ver punição. Punição não é a mesma coisa que disciplina. Mas, ainda assim, digo que até nisso a Igreja (entenda-se: homens que administram a Igreja) tem culpa. Pois qualquer pessoa, de qualquer jeito, pode ser batizada na Igreja hoje. Não há um forte senso de discipulado. Muitos erros são acariciados, relevados, ignorados. E é isso que produzirá, lá na frente, cristãos com um discernimento embotado, incapazes de diferenciar o que seja julgar o pecado de julgar pecador, perdoar pecado de perdoar pecador. Se você não entendeu, o correto é: julgar o pecado e perdoar o pecador, ao invés de julgar o pecador e perdoar o pecado. E esses cirstãos serão discipuladores de outros e assim por diante. Justiça e misericórdia, para Deus, devem sempre andar juntas.

Pode parecer radical, mas minha opinião é de que o corporativismo incestuoso deve ser banido da Igreja. Isso ocasionaria provavelmente um grande êxodo de membros, mas produziria um crescimento espiritual proporcional e sem precedentes. E daí pra frente, o crescimento seria primeiramente qualitativo, e depois quantitativo. Uma igreja com 10 membros que adoram em espírito e em verdade pode fazer muito mais do que com 100 adoradores superficiais. Cabe a algum membro dizer quem é trigo e quem é joio? Não. Somente a prática da verdade faz essa separação. A luz dissipa as trevas. Se você não quer ser joio, então seja trigo. A escolha está nas suas mãos. Na sua, mais ainda, pastor!

Para ler o artigo original na íntegra, clique aqui.

Fonte: Charisma Magazine. Tradução: Pão & Vinho. Comentários: Cláudio dos Santos Júnior
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